Não podemos esperar uma descrição tão incomum de outro poeta. Carlos Drummond é moderno e conseguiu que seu nome fosse associado ao novo. Acredito que descrever algo inusitado é tão criativo quanto brincar com as palavras. E isso o Drummond faz com muito humor e magnificamnte bem. O útlimo verso, composto por uma palavra, apresenta duplo sentido através de uma construção pouco usual. Pode-se interpretar essa palavra como o verbo redundar (superabundar), mas nesta nova contrução está, de certa forma, especificando essa bunda, o que lembra redonda, um adjetivo.
A bunda que engraçada
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda.
Olá,
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