domingo, 6 de novembro de 2011

Definição: literatura é...



Sentimos uma necessidade imensa de definir, conceituar as coisas e pessoas. Precisamos definir as opções sexuais, os astros, as letras e
tudo que existe, inclusive Deus que, sabiamente, se definiu como aquele que é. Perece que isso é tão essencial quanto respirar. Mas o que não sabemos é que as definições esvaziam o sentido principal das coisas e pessoas. Não percebemos que as definições são tão exatas e as exceções não cabem nelas. As definições só servem para enquadrar um ponto de vista que se apresenta como único e verdadeiro.
Portanto, definir é esvaziar...
A necessidade de produção de conhecimento colabora muito para
a criação de conceitos. Pesquisas científicas, vivências religiosas ou
conhecimentos populares enquadram o mundo em definições. Vemos a partir de
outros olhares. Nem sempre nitidamente, mas vemos. Partindo desses
pressupostos, questões intrigantes se apresentam: é possível definir o que é arte? É possível conceituar a literatura?...

Acredito que isso é impossível... Mas como necessidade vital me
atrevo a definir esse mundo metafórico das palavras: literatura é... a arte do
não dito! Podem me chamar de insano, ou melhor, de louco mesmo. Pois, como uma
arte que modela palavras pode não dizer nada? Explico-me: Antônio Cândido
afirma que a maioria dos autores brasileiros é mais tático do que estrategista. Isso quer dizer que eles são movidos mais pela inspiração, pelo instinto, pelo pensamento, pela sensibilidade e subjetividade....do que pelo meios técnicos ou parnasianos, movimento fracassado na nossa literatura. Portanto, se nossos autores são tão subjetivos é impossível apresentar uma única versão, interpretação das suas
obras. É impossível invadir o pensamento do autor para saber o que ele quer, metaforicamente, dizer. A partir disso, surge a arte literária brasileira. Os vários sentidos que podemos extrair das obras brasileiras condiz com minha definição: literatura é a arte do não dito...

Alguém se atreve a dizer que minha definição é vazia?


terça-feira, 31 de maio de 2011

Encanto, coisa que delicia...


"Mas eu olhava esse menino, com um prazer de companhia, como nunca por ninguém eu não tinha sentido. Achava que ele era muito diferente, gostei daquelas finas feições, a voz mesma, muito leve, muito aprazível. Porque ele falava sem mudança, nem intenção, sem sobêjo de esforço, fazia de conversar uma conversa adulta e antiga. Fui recebendo em mim o desejo de ele não fosse mais embora, mas ficasse, sobre as horas, e assim como estava sendo, sem parolagem miúda, sem brincadeira – só meu companheiro amigo desconhecido” Riobaldo
O encanto acontece até mesmo em situações simples....dessas como uma conversa, uma apresentação ou um papo despretensioso....depois as dobras do encanto se desdobram numa afinidade, num encontro, na balada, no calor dos corpos mesmo sem se tocarem. O beijo então como união de calores num dia de frio. De repente, duas almas formam um amor. Almas que se juntam e se fecundam num só coração.
O encanto é inexplicavelmente uma surpresa... e isso é o melhor. Afinal, surpresas são sempre boas e importantes. Não é a toa que Deus virá como um ladrão, sem hora nem dia marcado, de surpresa. Também é de surpresa que a morte nos pega, mesmo quando já a esperamos. Mas a morte é boa? Talvez a morte seja a única surpresa não boa, mas ela é superável, pois é com tal surpresa que o amor é mais forte que a morte.
Não há vida sem encanto, sem feitiço...como não há vida sem amor, esperança. Por isso, cada um se enfeitiça de algo, de alguém... é como se fosse uma ordem natural! Todos sentimos essa necessidade! Uns se deixam seduzir por coisas simples, outros por sonhos irrealizáveis, mas com realidade ou sonho, o encanto é fundamental e...
o amor necessita de encanto...