segunda-feira, 5 de abril de 2010

Evidências


Gosto da vida! Respirar...expirar...! Um dinamismo despretensioso, mas que de tão belo transforma a beleza. Gosto da vida. Ela é simples e difícil, o contrário, a morte, é tão fácil. Mas pela dificuldade é que gosto da vida: “Você comerá o pão com o suor do seu rosto”, palavras benditas! Não sei se antes delas a vida era tão completa. Gosto da vida, mesmo com toda crueldade presente nos corações dos viventes. Sei que o humano é mal, mas a vida não deixa de ser bela por isso. Gosto, sim, da vida! Ela me faz perceber, aos poucos, que nas veias do tempo ela se esvai e deixa experiências nos mais velhos e vitalidade nos mais moços. Sei que, apesar disso, ela é curta para alguns e demasiadamente longa para outros. Injusta? Não! Adequada! Gosto da vida, como ela é, como se apresenta em cada circunstância, mesmo naquelas que viver não se faz necessário. Gosto da vida porque ela é incerta e os racionais viventes buscam certezas momentâneas jurando, várias vezes, amores eternos sem saber que o eterno sempre acaba! Viver, como dizia um jagunço, é muito perigoso!

Clóvis Magalhães
04-2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

BUSCANDO A CRISTO


GREGÓRIO DE MATOS (1623-1669)

A vós correndo vou, braços sagrados,

Nessa cruz sacrossanta descobertos,

Que, para receber-me, estais abertos,

E, por não castigar-me, estais cravados.


A vós, divinos olhos, eclipsados

De tanto sangue e lagrimas abertos,

Pois, para perdoar-me, estais despertos,

E, por não condenar-me, estais fechados,


A vós, pregados pés, por não deixar-me,

A vós, sangue vertido, para ungir-me,

A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me.


A vós, lado patente, quero unir-me,

A vós, cravos preciosos, quero atar-me,

Para ficar unido, atado e firme.